segunda-feira, 4 de maio de 2009

Bem, como tudo na vida, esses devaneios precisam ter um começo :

Sonho sem sono.

J. não consegue dormir, já leu seu livro preferido de cabeceira, fez suas meditações usuais, contou carneirinhos e ainda que de olhos fechados o sono não vem… E qdo menos espera e por mais mais que evite, Otávio chega em seus pensamentos de maneira intensa nessa noite de insônia.

J. não o conhece, não sabe qual é a seu prato preferido, qual é a primeira parte do jornal lida, se gosta de cinema, teatro,qual livro inesquecível, quais músicas, quais sonhos persistem , como anda seu coração e suas expectativas ,suas manias, defeitos, mas tb não é preciso, pois conhece seu olhar, ah, esse sim, desde a primeira vez que o viu no meio da multidão suada se sentiu em pedaços, a música parou e seu par da vez não existia mais, seu olhar intenso tomou conta de J. e a fez arrepiar como há muito não acontecia. E essa sensação iria se repetir por tantas vezes ainda mais...

Sempre que J. inesperadamente o encontra, seus olhos brilham, a sensação imediata é de brisa fresca, sopro na nuca, som de chuva, flores e carinho, que inspira sua melhor fantasia e desperta uma certa felicidade condicionada a ele. Otávio tem o dom de ser agradável na medida certa, sorriso desprogramadamente perfeito, jeito manso, J. adora os mansos, parece que todos seus gestos são moldados em gentilezas e profunda sensibilidade no limiar entre a inocência e dissimulação, afinal de contas, poderia um homem maduro ter esse devir criança ? Mas não importa se há dissimulação ainda existe o sorriso constante. J.suspira.

Otávio tb se sente nitidamente sem jeito ao lado de J. o desconserto e o encantamento são recíprocos, é notória uma conexão qualquer, os dois sabem disso, evitam que algum sentimento aconteça diante da impossibilidade real, mas ainda assim não é o suficiente para que se entreguem a olhares aflitos na espera da possibilidade de bjos longos e abraços fortes, antes disso, sobram restos de olhares e sorrisos dilacerantes transformados em linguagem própria. Com a existência do sentir o não esperado, J. se diz apaixonada…. É sempre assim, J. transborda em romantismo barato e tende a criar amores, paixões e situações lúdicas e exageradas para justificar seus suspiros constantes, ainda não entendeu que o resultado desses suspiros nada mais é do que sua própria química se permitindo o novo, a provocação interna do seu corpo e desejo ….. J.suspira.

O desconserto permanece e a cada vez amparada em seus largos ombros, J. se comove com a troca de carinho real entre dois desconhecidos.

J. se abastece de discursos prontos de mulher madura e resolvida em que sempre decide não ver Otávio novamente, não está certo, afirma. Principalmente acredita neles… Eis que surgem novos encontros e inebriados pelo momento, pelos elementos que os cercam, os dois novamentes não resistem e perdem o controle da situação… J.suspira ao lembrar do último encontro.

J. ainda acordada, o dia amanhecendo e a clareza do dia vem clarear seus pensamentos mais soturnos , até qdo perdurará essa situação ? Condiciona o que pode nem existir de fato, e na confusão do que é real e imaginado, o sono curto vem .

Ao acordar se surpreende com uma linda mensagem no seu celular colorido, e ela se engana com a previsibilidade de Otávio que a faz se sentir bem ,apesar de incompleta, mas que lhe garante a certeza que mesmo se nunca mais vir seu olhar, os suspiros nunca deixarão de existir, e quantos suspiros !!! BOM DIA !!

Carol Pimentel – 24/04/09

Um comentário:

  1. Amiga... sensacional! vc sabe que sou sua fa!!! sempre leio todos!!!! beijosssss MFNANDA

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