TPM de M.

Era noite chuvosa de uma quarta-feira qualquer, ventava e apesar do andar baixo do pequeno e aconchegante estúdio de M. ouvia-se alguns rasgos constantes de vento na fresta da janela descascada de madeira velha, entre uma música e outra, Chico é claro, ele está sempre presente nesses momentos, velas acesas em pontos estratégicos que fazem lembrar de tantas sombras outras vezes prensentes naquela sala... “ Quando vc me deixou meu bem, me disse pra ser feliz e passar bem…”

O vinho de procedência suspeita, meio quente pousava em sua cor de sangue numa taça , sem par, de cristal tcheco, não conseguia saciar a sede de M. e quanto mais se embreagava, mas sede tinha, sede de amor, de toque, do cuidado, sentia medo do vazio constante que sua vida tornara . Sem vislumbrar possibilidades reais de futuro e na tentativa de anestesiar a dor M. continua bebendo cada vez mais .“ Como beber dessa bebida amarga tragar a dor, engolir a labuta …”


Várias taças depois, alguns kilos de cigarros tragados e querendo entender a procedência da imensa dor e sensação de vazio sem fim M. muito relutante, se sente traída pelo o resto do seu qse morto humor que insiste em se mostrar presente e ao observar a atmosfera cinza de fumaça, finais velas queimadas, vinho derramado e ainda, incessantes interferências do mais doloroso e verdadeiro Chico, se sentiu num clichê absoluto de insatisfação, desses não mostrados nem em filmes Europeus de quinta. Como M. foi capaz de maximizar a idealização da dor, para ter seu cenário perfeito e planejado de sofreguidão. Poi-se a chorar… de rir e rir e rir…Entre altas e longas gargalhadas e risos de auto conheciemnto, buscou a trilha para próxima TPM ...

Carol Pimentel 09/04/09